Por Armando Moya
Desde que eu nasci que eu lido com a habilidade de ser feio. Sim, ser horroroso é uma característica técnica que tenho. Se não for isso, só me resta chamar a minha total falta de beleza de maldição. Mas eu não acredito em bruxarias, então...
Minha mãe me desmente. Ela diz que quando eu era pequeno as mulheres se perdiam pra mim. Conta ainda que as pessoas paravam meu carrinho de bebê para elogiar a cria. Talvez seja olho gordo da galera, mas algo tem que justificar como um neném de parar o trânsito virou essa pessoa que vos fala.
Hoje em dia, mamãe diz que a minha beleza é interior, que o que importa é o coração. No entanto, em todos os porta-retratos da minha casa, minha mãe só colocou fotos minhas com até cinco anos de idade. (Eu odeio gente que não fala a verdade na cara!)
Não é só a queda de cabelo, o sobrepeso do sobrepeso, a pele cheia de espinha, os dentes tortos ou os pelos que começam na testa e terminam no calcanhar (passando por todos os poros do meu corpo – TODOS!). Além – ou apesar - desse conjunto todo, eu sou feio.
Como eu fiz essa descoberta magnífica? Aparando minhas madeixas no barbeiro mais barato do belíssimo bairro de Botafogo.
Primeiro, ele comentou sobre o meu cabelo ser oleoso. Em seguida, falou da barba que estava muito mal aparada. Veio uma crítica aos meus óculos. Por fim...
- Suas orelhas são tortas. – me informou o nobre cabeleireiro
- Como assim?
- Senhor, veja só a diferença de altura de cada uma.
O barbeiro de Botafogo mostrou que minhas orelhas não ficam na mesma altura. Uma é ligeiramente mais baixa que a outra. Eu tentei argumentar, mas ele não perdoou:
- Isso é defeito de “naiscença”. Vou fazer o seguinte, vou aparar sua costeleta como se as suas orelhas fossem da mesma altura, você dê seu jeito e ande com a cabeça torta para parecer que as costeletas estão na mesma altura.
As costeletas ficaram lindas, mas, hoje, eu acordei com um torcicolo do caralho!
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