quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Zeitgasto - O Sole Mio

por MAURICIO MOHR

Eu quero um dia aplaudir o Sol. Eu admiro as pessoas que aplaudem o Sol, eu sou muito inibido para aplaudir uma estrela desta magnitude, eu não consigo nem olhar nos olhos.Eu já ensaiei uma piscadela para chuva, dei um sorriso amarelo para um dia nublado, mas bater palmas para o Astro maior, nunca consegui.

Eu não entendo como isso começou, quem foi o primeiro a puxar o aplauso. Será que foi um casal que se beijava durante a exibição de todo seu brilho e vendo que o Sol saia de cena sem que eles tivessem admirado seu trabalho, resolveram compensar o deslize?

Antigamente eu não me daria ao trabalho de pensar sobre isso, porque eu dificilmente estaria acordado durante o espetáculo solar. Antes desta inundação de filmes e livros de vampiros, eu tinha um certo orgulho de me considerar um ser da noite. Dizer com ar de cafajeste, eu troco o dia pela noite, levantando sedutoramente a sobrancelha esquerda. “Câmera, close. Microfone, please.”

Como diria um ávido leitor de vampiratura , ''nos dias atuais'', as criaturas da penumbra passeiam à tarde, se casam no religioso e frequentam exclusivíssimos e matutinos colégios particulares. Ou seja, tem a mesma tediosa vida dos girassóis burgueses. Com uma desvantagem a se refletir_se tiverem reflexo agora_ ,a meteorologicamente desaconselhável roupa escura e pesada.

Dito isso, cabe ao COLUNISTA, neste Verão, juntar-se à plateia da orla, ainda que proteja sua identidade com o irreconhecível disfarce de óculos escuros e boné, seria o par ideal como Bella e Edward ou perfeito como Bella e Jacob? Tanto a se pensar enquanto se espera para saudar o grand finale da estrela do dia...E o que fazer "quando o segundo sol chegar"?

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