Por Maurício Mohr
Todos os dias eu acordo e vou dormir ao som de Baudelaire, não é um audiobook do poeta francês, nem uma banda hipster com este nome. É minha vizinha que batizou seu cachorro de Baudelaire.
Ouvi-la bradando aos quatro ventos, "Baudelaire!!!! Baudelaire!!!", dá um certo status a todo prédio. Eu gosto especialmente quando ela interpela o cachorro com perguntas delicadas, arriscaria filosóficas. "Por que você fez isso, Baudelaire?" Depois ela estraga a magia da cena emendando com um "Ai, ai, ai! Muito Feio!"
Não importa o que Baudelaire tenha feito de errado, eu o perdoo, ele é um artista, um incompreendido. Um poeta que vai se expressar de que outra forma? Preferencialmente declama sua poesia à noite, um seresteiro iluminado pela lua, mas abafado pela madrinha que grita mais alto seu nome, até que ele se canse desta hostilidade e vá descansar.
Entendo um pouco deste mundo. Eu cresci com uma cachorrinha cockerspaniel, muito mais blasé, raramente barulhenta e modestamente atrevida, diria até que tinha uma qualidade diva na justa medida. Não se misturava com estes vira-latas, bandoleiros de rua, sem amor à verdadeira arte. A arte de mastigar tenis, urinar em tapetes; e quando se ouvia um grito de "merda" nesta cirscunstâncias nunca era um bom presságio, tampouco desejo de boa sorte, mas a simples constatação da plateia. Eis que um saco plástico virava uma luva, então os dejetos iam ao lixo e pelo nosso amor a ela, ao menos nossa dignidade se reclicava.
Não sou confiante o suficiente para ter um animal de estimação com o nome de algum gênio das artes ou das ciências, se tivesse um peixe beta chamado "Einstein", eu ficaria espionando os movimentos dele num aquário. Observando seu raciocínio e esperando o dia que Einstein me deixaria para lecionar em Stanford, "peixe ingrato, dei tudo pra ele, um lar, comida, um...é...uma..., AH! coisa importante, um tanque de oxigênio, físicos não dá pra confiar."
Jodorowsky Ziembinski Lev Davidovich Chai Barlach curtiu isso.
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