quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Zeitgasto - Discurso Inaugural

Eu fui orador da minha turma do colégio, ano que vem vai fazer 10 anos desta honra. Muita coisa mudou desde que eu me formei na turma 2002 do meu recluso colégio de Zona Sul. Desde então ganhei o mundo, fui dono de empresas, namorei lindas modelos, conheci celebridades internacionais, aconselhei presidentes e fui diagnosticado como mentiroso compulsivo.

Acho que a cerimônia da quase-década passada foi a que menos se ouviu a voz do orador, antes do meu discurso de encerramento e do eterno Habeas Corpus, foram dezenas de outros. O que não é razoável numa turma de 30 formandos. Só não falou quem não quis.

Só o meu discurso foi submetido ao escrutínio da coordenação da escola, acho que assim foi, já que eu era o escrotinho da turma. Eu dei uma de Chico Buarque contra a ditadura, mas de forma bem livre, inventei imagens propositadamente confusas, temendo a canetada da Censura: “caravelas erguer-se-ão acima de mares”; “já é hora do pastor caminhar lado-a-lado com o rebanho”; felizmente tudo passou despercebido na visão embaçada dos algozes da liberdade de expressão, ou Dona Teresa como também era conhecida.

Tirando a minha raul-seixica exposição, todas as demais foram aplaudidas de pé, aquela plateia ainda não estava pronta para minha sabedoria décuplo-milenar. Ouvi apenas algumas palmas se encostando, como diria Gerald Thomas, isso não é nada e *mostra-se a bunda*.

Como sou o calouro duma trupe de artistas, vou atrás de apupos pelo bem do clã. Se bem lembro, devo começar um discurso-campeão dizendo assim:

“Quando eu comecei a escrever o discurso, eu pensei nos meus pais, no que eles fariam, pensariam, mããs o que eles diriam se estivessem no meu lugar, então tomei coragem e perguntei e eis que me disseram...”

_ Deixa de ARTE e vai arrumar um emprego.

E esta é a minha mensagem para a turma de formandos de 2011! Otimismo, auto-confiança e apoio da família. Isso é fundamental.

Podem jogar seus chapéus para cima.

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