Zeitgasto - Boas Entradas e uma Saída melhor ainda

por MAURICIO MOHR

No meu prédio tem umas luzinhas infernais que ficam na cara do porteiro, para algumas pessoas também poderiam ser chamadas de enfeite de Natal, mas para os olhos do vigia noturno é um backstage pass para o Benjamin Constant.

Não é o fato de ser feia que faz a decoração do meu prédio ser brega, eu não sou umas das pessoas mais lindas do mundo e não vejo ninguém me convidando para um show do Odair José. Posso garantir que ela foi feita meio por obrigação, uma cópia mal-ajambrada* (*eis uma expressão que gosto de usar, quem usar perto de mim, ganha um presente de Natal) das portarias da vizinhança. A mentalidade é uma só: já que está todo mundo fazendo, vou fazer também. É...Tentaram e não conseguiram.

Tem gente que aplaude o Brega como uma vitória da classe humilde sobre as circunstâncias adversas, eu não. Acho que é o no máximo um empate sem gols. Ou uma goleada contra o bom gosto. Não há nada de humilde no preço do meu aluguel, então o desastre é ainda mais doloroso.

Não tenho a menor pretensão de saber o que é bom gosto, ou fazer qualquer um que seja_ até meu pior inimigo_ cair numa armadilha de intelectual-de-bar com frases-iscas que nos fazem perder o tempo e a paciência para (não) explicar algo que antes de se ouvir uma longa explanação, você até tinha uma mínima curiosidade em refletir.

Então, seja a festa de fim de ano da FIRMA, seja o amigo oculto ou secreto da AGÊNCIA, seja um especial de réveillon da PRODUTORA. Faça um esforço para ser autêntico, não cante para o coitado do garçom o hino dos cornos de Reginaldo Rossi ou para todos a versão infame da música natalina do Lennon massacrada pela Simone. Aprenda com esta COLUNA: é melhor ser ruim do que ser BREGA.